terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Geografias quebradas pela literatura


Por mais que eu tente, não sou das melhores pessoas com as datas (principalmente quando o tempo trai e a cabeça não é boa), mas lembro das primeiras vezes que eu estive com o Otávio Campos e o Danilo Lovisi: em alguma edição do Eco – Performances Poéticas. Chegavam sempre juntos, bebiam algumas cervejas (o Danilo preferia vinho) e depois, timidamente, subiam ao palco do Mezcla e liam seus poemas (o Otávio parecia comer o próprio texto). Depois das primeiras vezes a intimidade cresceu, a distância das mesas diminuiu e eles resolveram lançar uma revista literária chamada Um Conto. Reuniram um número de poetas que eu não sei mensurar, mas conseguiram unir uma boa ideia a muitos nomes importantes na poesia contemporânea brasileira.

Para ler a edição #19 da revista Um Conto clique aqui!


Naquela primeira edição, há mais de dois anos, eu estive lá, com um dos meus poemas. Topei a ideia logo de cara e, pela primeira vez na vida, ganhei algum dinheiro com poesia (não que o objetivo fosse esse mas, convenhamos, foi bem legal). Hoje, na edição #19, eu assumi outro papel: ler em primeira mão poetas como Bruna Beber, Alice Sant'Anna e Laura Assis e fazer a revisão. Fiquei bastante nervosa com isso, mas foi uma experiência riquíssima!

Os editores da revista moram, atualmente, na Europa, mas não por isso estão longe do Brasil. O texto introdutório da revista fala muito bem sobre essa insuficiência do território físico, ou melhor, mostra como é desnecessário. Eu não compareci à festa de despedida do Otávio, mas lembro da última noite dele no Brasil, na porta do Observatório, ao lado do Krismara, muita emoção: “porra, só daqui um ano!”. Também não fui à festa de Danilo, mas saímos pra lanchar no Salsa Parilla, ele devolveu meus filmes na locadora, conversamos. Não fui às festas, mas de alguma forma me despedi e da maneira como eu sei fazer esse tipo de coisa, ou seja, não fazendo. E olha, o território é tão dispensável que hoje eu me sinto muito mais próxima deles. Mas é claro que ninguém é de ferro e bate uma falta danada, que só se apazígua quando vejo tanta coisa linda, como a Um Conto, tanta produção de poesia e, principalmente, porque o tempo passa e logo logo é hora de correr para o abraço (que é uma das poucas coisas que a literatura não pode quebrar ou fazer por você).

Um comentário: