Por mais
que eu tente, não sou das melhores pessoas com as datas (principalmente quando o
tempo trai e a cabeça não é boa), mas lembro das primeiras vezes
que eu estive com o Otávio Campos e o Danilo Lovisi: em alguma
edição do Eco – Performances Poéticas. Chegavam sempre juntos,
bebiam algumas cervejas (o Danilo preferia vinho) e depois,
timidamente, subiam ao palco do Mezcla e liam seus poemas (o Otávio
parecia comer o próprio texto). Depois das primeiras vezes a
intimidade cresceu, a distância das mesas diminuiu e eles resolveram
lançar uma revista literária chamada Um Conto.
Reuniram um número de poetas que eu não sei mensurar, mas
conseguiram unir uma boa ideia a muitos nomes importantes na poesia
contemporânea brasileira.
Para ler a edição #19 da revista Um Conto clique aqui! |
Naquela
primeira edição, há mais de dois anos, eu estive lá, com um dos
meus poemas. Topei a ideia logo de cara e, pela primeira vez na vida,
ganhei algum dinheiro com poesia (não que o objetivo fosse esse mas,
convenhamos, foi bem legal). Hoje, na edição #19, eu assumi outro
papel: ler em primeira mão poetas como Bruna Beber, Alice Sant'Anna
e Laura Assis e fazer a revisão. Fiquei bastante nervosa com isso,
mas foi uma experiência riquíssima!
Os
editores da revista moram, atualmente, na Europa, mas não por isso
estão longe do Brasil. O texto introdutório da revista fala muito
bem sobre essa insuficiência do território físico, ou melhor,
mostra como é desnecessário. Eu não compareci à festa de
despedida do Otávio, mas lembro da última noite dele no Brasil, na
porta do Observatório, ao
lado do Krismara,
muita emoção: “porra, só daqui um ano!”. Também não fui à
festa de Danilo, mas saímos pra lanchar no Salsa Parilla,
ele devolveu meus filmes na locadora, conversamos. Não fui às
festas, mas de alguma forma me despedi e da maneira como eu sei fazer
esse tipo de coisa, ou seja, não fazendo. E olha, o território é
tão dispensável que hoje eu me sinto muito mais próxima deles. Mas
é claro que ninguém é de ferro e bate uma falta danada, que só se
apazígua quando vejo tanta coisa linda, como a Um Conto,
tanta produção de poesia e, principalmente, porque o tempo passa e
logo logo é hora de correr para o abraço (que é uma das poucas
coisas que a literatura não pode quebrar ou fazer por você).
bacana
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