Na mitologia iorubá
Oxumaré é o orixá que liga céu e terra; assume-se seis meses macho, seis meses
fêmea. Entretanto, entre sua transição ocupa os dois gêneros, ou seja, na
transição ele não é nem um, nem outro (ou um e outro). O eu do poema também é
um laço entre o céu e a terra, entre o que é e não é, assim como Oxumaré. O eu
do poema é o próprio festim falacioso, que ocupa-se de quem escreve e da ficção
do que se escreve, que é o próprio poema. Talvez a pedra do caminho estivesse
mais à esquerda, mais ao início ou nem existisse, mas existe e ponto. Existe
como força e pulsão poética que, como o festim dispara. Existe como um tiro
eterno que jamais atingirá ou cessará sua trajetória, pois o festim não deixa
vestígios tão evidentes. Ainda restará a lembrança do estampido, a luz, o
cheiro... O festim, como a casa, não é um lugar, mas uma ideia.
*Trecho da conferência feita no dia 07 de junho de 2014, no CES/PucMinas.
*Trecho da conferência feita no dia 07 de junho de 2014, no CES/PucMinas.
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