segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mas...

A poesia está em crise! Mas isso é algo que se arrasta desde o século XIX, com a inaptidão dos poetas modernos em viver naquela época. Ali, às margens da burguesia capitalista, sem interesse na poesia, os poetas começaram a escrever para os outros poetas. Herdamos essa metalinguagem e continuamos a escrever sem pensar no leitor. (Mas esse texto não é sobre essa força ambivalente de poeta versus público.)

Recentemente fiz minhas leituras em um sarau. O momento do sarau é importantíssimo, pois o poema é constituído, em boa parte, de segmentos fonéticos, sem os quais a nossa leitura dos versos não se dá de forma digna. (Mas longe de mim tentar definir o que é a poesia.)

Nesse sarau sofri um princípio maravilhoso de epifania. Simplesmente não enxerguei mais quem estava assistindo, perdi o contato com o público e mantive uma ligação catártica com os textos que eu recitava. Chego a dizer que foi quase uma experiência com Deus! Chorei com os pés descalços... (Mas eu não quero falar sobre esse lado intangível do verso.)

Desde o século XIX estamos batendo na mesma tecla da burguesia contra a massa pobre oprimida, no relativismo (vide todos os períodos não hegemônicos desde o romantismo) e na fragmentação (de vários meandros da sociedade, pra falar de maneira geral). E o que eu queria falar mesmo, com toda certeza é: filhão, o corpo é importante no processo criativo da poesia, mas jogá-lo, simplesmente, não é fazer poesia!


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